A MORENINHA
Como manter-se fiel ao juramento de
amor feito no passado, diante de uma nova e ardorosa paixão? É o que se
pergunta Augusto ao conhecer Carolina, a Moreninha.
Publicado em 1844 por Joaquim Manuel de Macedo, este é o primeiro
romance de nossa literatura. Com “A Moreninha” foi dado o primeiro passo para o
desenvolvimento do romance no Brasil, pois retratou hábitos da juventude carioca.
A história tem início quando Felipe convida
três amigos: Augusto, Fabrício e Leopoldo; para
curtirem o dia de Sant’Ana na casa
de sua avó, na ilha de Paquetá. No começo Augusto se esquiva do convite,
porém a presença da irmã, Carolina (a moreninha), e das primas de Filipe,
Joana (a pálida), e Joaquina (a loira), entre outros divertimentos, servem como
incentivo para Felipe. Mas antes de ir Augusto aposta com os amigos que
ele não ficaria apaixonado por nenhuma mulher durante 15 dias ou mais. Caso
contrário, como pagamento ele teria que escrever um romance para contar sua
paixão.
"— Sim! esse sentimento que voto às vezes a
dez jovens num só dia, às vezes numa mesma hora, não é amor certamente. Por
minha vida, interessantes senhores, meus pensamentos num têm dama, porque
sempre têm damas; eu nunca amei... eu não amo ainda... eu não amarei
jamais..."
Ao chegar à ilha, Augusto logo começa
a se envolver com Carolina, irmã de Felipe. Uma menina morena e bem
inteligente. Contudo, ele sente-se perturbado e acaba por confessar a Dona Ana,
avó de Carolina, que enquanto criança teria se apaixonado por uma garota que
sem se identificar desapareceu da sua vida. Devido ao fato, ele jurou não se
apaixonar por mais ninguém durante toda vida, porém, ao conhecer a moreninha, Augusto
foi dominado por um sentimento que superava o vivido em seu passado e que ele
não conseguia controlar.
“Mas ela não pára:
o movimento é a sua vida; esteve no jardim e em toda a parte; cantou de sobre o
rochedo e ei-la outra vez no jardim! Infatigável, apenas suas faces se coraram
com o rubor da agitação. Travessa menina!... Porém, ela tempera todas as
travessuras com tanta viveza, graça e espírito, que menos valera se não
fizera o que faz. Não há um só, entre todos, der cuja alma se não
tenham esvaído as idéias desfavoráveis que, à primeira vista, produziu o gênio
inquieto de D. Carolina. O mesmo Augusto não pôde resistir à vivacidade da
menina.”
Carolina repreende Augusto alegando
que ele deveria permanecer fiel ao seu amor juvenil, mas Augusto contesta que
não sabe quem ela é e que agora não pode negar o sentimento puro e verdadeiro
que nutre por Carolina.
Este foi um dos primeiros livros que li da nossa
literatura, confesso que no começo achei um pouco cansativo, acredito que
devido ao tipo de escrita e a pouca idade que tinha na época. Mesmo tendo que
procurar algumas palavras no dicionário eu consegui me envolver com a história
e com os personagens. Acredito que muitas pessoas devam ter achado bobo, eu
discordo, é uma leitura leve e um romance inocente, lindo e completo, é a prova
que o amor não precisa ser escrachado. O livro também retratar de forma clara os costumes da alta
sociedade brasileira no século XIX.
O clímax do livro é o final, apesar de não ter me surpreendido, foi um
final lindo e encantador. É um dos clássicos da nossa literatura brasileira
que precisa ser lido.