Casamento forçado, mutilações e violências sexuais, execução pública por
apedrejamento ou confinamento pela família, censura, proibição de
dirigir, de viajar ou mostrar o rosto - estas são apenas algumas formas
de opressão com que as mulheres muçulmanas ainda são tiranizadas no
Oriente Médio. Num depoimento contundente, uma autêntica princesa da
Casa Real Saudita revela, sob risco de vida, a intimidade dessa terra
fechada, onde o respeito aos direitos e à qualidade de vida das mulheres
continua lhes sendo negado. Uma terra onde ainda imperam os homens, o
sexo e o dinheiro.
Autor: Jean Sasson // Ano: 2005 // Páginas: 247 // Editora: Best Seller
Quando decidi ler este livro não imaginava uma história tão difícil de
ser lida. A história de Sultana e das outras mulheres é real e cruel, senti
em mim todo o sofrimento narrado naquelas páginas, sou mulher como elas e foi impossível
não me colocar na mesma situação. Li os livros do Khaled
Hosseini e alguns outros do mesmo estilo e achei que
estaria preparada para conhecer a história das mulheres sauditas, mas não
estava. Amei ler os livros do Khaled Hosseini, pois ele ainda consegue
colocar em suas histórias um toque de romance que deixa a leitura mais agradável,
e isso não existe em Princesa: A história real da vida das mulheres árabes
por trás de seus negros véus.
Mesmo sendo princesa e a caçula de nove irmãs e um
irmão, Sultana não tinha privilégios, ela era rejeitada pelo pai que dedicava toda
atenção ao seu irmão Ali. Para nos ocidentais é difícil acreditar na crueldade
com que essas mulheres são tratadas, sei que nossa realidade ainda precisa mudar
e muito mas ainda assim me senti grata por ter nascido onde nasci e na época que
nasci.
Apesar de toda sua indignação, não tinha como se
livrar das amarras da sociedade muçulmana, quando suas regras chegaram ela teve
que cobrir o rosto e o corpo como todas as mulheres, quando chegou a certa
idade foi obrigada a se casar, no começo acreditou ter encontrado um homem que
compartilhava de seu espírito revolucionário mas no fim ele se mostrou como
todos os outros. Sultana não culpava a religião nem os
escritos do Corão pela triste realidade das mulheres, ela costumava dizer que as
leis do Corão são interpretadas pelos homens, para os homens e da forma como
eles bem entendem.
Através dos relatos de Sultana vemos como as
mulheres são subjugadas por todos os homens, sejam eles marido, filhos, pai ou
irmãos. Mulheres são mutiladas, apedrejadas, trancafiadas em seus quartos, obrigadas
a se casarem ainda na infância e muitas outras barbáries que me deixaram
profundamente triste, mas me fizeram pensar em muitas coisas. Sultana pôde
estudar, ao contrário da maioria das mulheres, e por ser princesa e muito rica pôde
viajar e conhecer outras culturas, foi assim que ela teve certeza que algo
estava muito errado na Arábia Saudita.
Acredito que estas mulheres ainda estão lutando
mesmo por trás dos véus e esse era o intuito dessa Princesa ao pedir que sua
amiga escrevesse o livro para ela. Os relatos são chocantes e fortes mas é um
livro que vale muito a pena ser lido, uma coisa que gostei foi a autora ter
colocado no final do livro os trechos do Corão que se referem as mulheres. Infelizmente
não consegui colocar nessa resenha nem a metade do que realmente é esse livro e
o que ele significou para mim, com certeza nunca li um livro que mexesse tanto
comigo como este.
Sei
que é clichê, mas acredito que só teremos um mundo melhor quando todos
puderem aceitar as diferenças e reconhecer o seu próximo como um igual.
Igualdade de direitos a todos independente de gênero, cor da pele, ou
opção sexual. Temos muito a evoluir, mas se conseguirmos realizar esse
feito será um enorme passo para um mundo melhor.
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